quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Além
Se eu pudesse voar iria além.
Além da noite sem estrelas.
Além do suspiro do vento.
Além dos meus medos.
Acima das árvores e a montanha mais alta seria meu objetivo.
Nada me aprisionaria.
Nem mesmo os meus pensamentos. Esses seres que nunca se calam.
Chiam, sussurram, gritam.
Nem mesmo eles poderiam me prender.
Porque eu iria além.
Muito além.
Mais longe do que tudo.
Mais longe do que um dia eu pensei ser distante.
Mais longe do que a própria distância seria capaz de medir.
Mais longe do que minha própria alma já foi.
Bjs
MaNa
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Último dia de Minha Vida
Você já parou para pensar que hoje poderia ser o último dia
de sua vida?
Eu estava andando de ônibus quando comecei a me distrair e a
refletir sobre o que aconteceria se eu morresse ali. Se alguém entrasse no
automóvel e erguesse uma arma ensandecido e matasse todos os passageiros. Comecei a pensar
o que aconteceria no dia seguinte. Haveria manchetes sobre o massacre?
Provavelmente. Falariam de mim em especial? Dificilmente.
As pessoas veriam o jornal e algumas pensariam “Coitados,
uma calamidade” outros provavelmente nem ligariam, mudariam de canal ou
virariam a página. Só mais algumas mortes no mundo. Que diferença isso faria?
Nada.
Minha família e a das vitimas chorariam por um tempo. Uns
ficariam devastados outros apenas indignados, porém com o tempo tudo iria
melhorar. Com o tempo eu seria uma lembrança quase esquecida.
As pessoas que leram o jornal ou o assistiram na TV sobre a
nossa morte, nem sequer se importariam mais. Não pensariam no assunto. Ninguém
iria se importar com o que aconteceu, com a menina morta no evento do ônibus.
Ninguém saberia de meus anseios. Ninguém se importaria com
os meus sonhos que jamais seriam realizados. Eu jamais seria escritora e muito
menos jornalista. E quanto aos outros? Meu Deus eu ainda nem falei dos outros!
E o que cada um naquele transporte lotado perdeu? E a mulher que não iria
viajar? E o homem cansado de trabalhar? Sou tão egoísta que ainda nem tinha
pensado neles, sou igual a todo mundo uma grande egoísta. Isso porque cada um
tem sua vida e não se envolve com a do próximo.
Talvez naquele ônibus houvesse o futuro maior medico do
mundo. Talvez existisse alguém que corria para salvar o planeta. Ou talvez ali
houvesse pessoas com desejos mais singelos, mas não menos importantes, como
levar comida para os filhos em casa. Havia pessoas. Havia vidas e
principalmente: Havia sonhos que nunca seriam realizados, havia desejos que
poucos teriam conhecimento. No jornal apareceria o cru. Se aparecesse. O jornal
não falaria de mim. Não diria que eu queria ser jornalista e muito menos
escritora. Não contaria de meus sonhos, nem nada do que já pensei importaria
naquele momento. Minha vida seria esquecida, assim como a de todo mundo que
estava ali. Talvez houvesse uma notinha para emocionar o público. Mas mais
nada. Seria o fim. É ai que noto o
quanto somos insignificantes. O quanto
somos tolos por não corremos atrás do que queremos. O quanto é impressionante
que passemos por uma pessoa na rua e não paremos para nos conhecer. Perguntar
quem é ela. Sem nenhum compromisso de
amizade, apenas uma vontade crescente de saber quem somos.
Não nos importamos com nada que não seja nós
mesmos ou aqueles próximos a nós.
Graças a Deus nada aconteceu. Não morri. Não houve um assassinato
em massa. Eu ainda posso realizar meus sonhos, eu ainda posso conhecer as
pessoas e me admirar com elas, minha existência ainda está de pé. Tenho fé que
um dia as pessoas vão notar o quanto precisamos uns dos outros, que somos um
quebra cabeça que jamais foi montado. Uma peça precisa do outra peça, pois de
peça em peça eu monto um mapa, monto conhecimento e da insignificância
individual formamos uma significância gigantesca. Apenas uma criada pelos sonhos jamais esquecidos
de cada um.
Bjs
MaNa
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